“C”
Morena clara, corpo violão, olhos verdes, alegre tinha uns 35anos. Assim era a
nova vizinha. Assim que tive oportunidade fiz amizade com ela. Era recém
separada e tinha uns oito filhos, todos bonitos como a mãe e o pai deles, que
tive a oportunidade de conhecer.
À
medida que nossa amizade se fortalecia descobri que a vizinha frequentava um
forró perto da BR 116, que cortava o bairro Vila Isa, em Governador Valadares.
Virava as noites de sábados nesse forró.
Senti-me
na obrigação de falar-lhe sobre o maravilhoso Salvador, o Senhor Jesus Cristo.
Ofereci-lhe um curso bíblico e convidei-a para ir à igreja comigo. Com muita
simpatia aceitou o convite só para ir à igreja e combinamos um horário onde eu
passaria em sua casa para irmos juntas.
No
dia e na hora combinados, lá estava eu à porta da casa da vizinha chamando-a;
sua filha me atendeu e disse-me que ela estava tomando banho e disse que eu
podia ir para a igreja que ela me encontraria lá. Assim o fiz - só que ela não
foi. Na verdade essa mesma situação se repetiu diversas vezes entre nós, só que
com “desculpas” diferentes.
Minha
paciência se esgotou e disse para um de seus filhos em um desses dias: Diga a
sua mãe que eu não vou mais vir aqui na casa dela para buscá-la para ir à
igreja. Ela sabe onde fica e os horários das programações. O dia em que ela
realmente quiser ir lá será muito bem-vinda. Depois desse desabafo, nunca mais
a convidei para ir à igreja. Ela não queria ir. Dizia-me que ia, apenas por
educação.
“Socorro!
Não me deixe morrer! Eu não estou pronta pra morrer!” Minha irmã adotiva
trabalhava no hemominas, anexado ao hospital regional de Valadares e se
impressionou com o desespero dessa vítima e foi até lá para ver quem é que
tanto gritava e para sua surpresa descobriu que era a nossa vizinha.
Lá
de casa, só eu tinha feito amizade com ela. Ao saber desse fato procurei
informar-me do que aconteceu e me contaram que ela havia tomado cinco tiros na
pista de dança do forró. Os tiros eram para uma dançarina da casa de shows que
havia hora antes, se recusado a dançar com um caminhoneiro embriagado, alegando
cansaço. O caminhoneiro saiu daquele estabelecimento, mas voltou horas depois e
viu essa dançarina nos braços de outro cliente. Ele se sentiu rejeitado por ela
e numa crise de loucura sacou de um revólver calibre 38 e tentou atirar nela.
Só que ela o viu e se jogou ao chão. A minha vizinha que estava dançando perto
dela não teve o mesmo reflexo e foi atingida pelos disparos daquela arma de
fogo. Os médicos fizeram tudo o que estava ao seu alcance, mas não conseguiram
salvar-lhe a vida. Os “banquetes” do mundo são bonitos, gostosos, mas são
indigestos e podem intoxicar para morte os que deles saboreiam. Foi muito
triste o velório dela. Foi terrível ver e ouvir o desespero dos filhos pequenos
em frente ao caixão. Nessa época eu tinha de 13 para 14 anos. A falecida tinha
uma filha, a mais velha de 12 anos.
Mais
de 25 anos depois desse trágico acontecimento. Já tinha mudado para Belo
Horizonte e retornado para Governador Valadares. Um dia de tarde enquanto
retornava da igreja para minha casa, passei perto de um estabelecimento
comercial e reconheci um dos filhos da “C” agora já homem casado e com filhos.
Ele não se lembrava de mim. Estava de bicicleta, e ouvi o Senhor a me dizer:
“Vá
lá conversar com ele sobre a mãe dele e sobre mim, tenho planos para salva-lo”
Vou
não Senhor,
Quero
mexer com isso não. Sinto muito.
Passou-se
algum tempo e o Espirito Santo continuou insistindo.
Então,
em uma outra oportunidade concedida pelo Senhor, fui aquele estabelecimento e
pedi um funcionário para chamar seu patrão - que era um dos donos da lava jato.
Ele
veio e me olhou todo desconfiado.
Olá,
você não me conhece mais eu te conheço, conheci sua mãe a muitos anos atrás
antes dela morrer. O Senhor Deus não queria que ela terminasse daquele jeito e
me enviou para leva-la para a igreja, repeti a história para ele até a parte
dela marcar, marcar e nunca ir. Aí arrematei.
Rapaz,
Deus tem planos para você e seus irmãos, o convite que um dia o Senhor fez para
sua mãe Ele está fazendo para você e seus irmãos. Através de você seus irmãos
virão para a presença do Senhor. Mas, se recusar como fez sua mãe, saiba que
tem setas de morte te rodeando, como rodeavam sua mãe.
Nossa.
Deus me coloca em cada situação. Por dentro estava até tremendo.
Ele
que estava me ouvindo atentamente, quando viu que terminei, me disse:
“Eu
e meus irmãos somos crentes da denominação ....”
Que
bom, mas o Senhor manda te chamar para a igreja......
Minha
parte eu já fiz que era falar com você o que o Senhor me mandou dizer. Dei-lhe
alguns livros do impacto esperança para ele e os irmãos e fui embora.
No
domingo à noite, estava ensaiando na igreja para o louvor e quando olho para a
rua, avistei uma caminhonete parada na porta, vi que era ele e fui lá.
Oi,
“Oi”
“É
aqui que frequenta? ”
Sim.
Vai
vir para o culto?
“Não,
só fiquei curioso. ”
Passou-se
alguns meses, fiquei sabendo que ele estava com um bebê nos braços e apareceu
homens atirando nele com criança e tudo, ficou hospitalizado, e sobreviveu.
Passou-se
mais alguns meses e estava na casa da cabeleireira “P” quando a filha dela a
“L” nos informou que passaram no zap dela que o “.....” Havia sido atingido por
armas de fogo e morrido perto da escola Duque de Caxias. Ele e os irmãos são
todos parecidos, depois ficamos sabendo que - o que realmente ocorreu - foi que
alguém foi para matar o “...” acabou confundindo-o com um dos irmãos e atirou
na pessoa errada. O rapaz atingido indevidamente sobreviveu.
Mais
alguns meses depois eu recebi no meu zap uma foto dele e de outro irmão presos
pela polícia acusados de terem torturado, decepado e a assassinado o rapaz que
tinha tentado mata-lo.
Os
planos de Deus não eram esses. Os planos de Deus são sempre de Paz para nós,
mas, no fim nos é que decidimos se obedecemos ou desobedecemos. Do livro: Para me ensinar de Anália Calixta
