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domingo, 24 de janeiro de 2016

“Palavras duras para mim”


   
Do livro “O Céu em atividades de Anália Calixta”   

Estava trabalhando como apresentadora e co-produtora de um programa independente na TV Rio Doce/Cultura, juntamente com uma nova amiga pedagoga Maria Helena Campos, no programa “De bem no mundo”. Era um programa com duração de uma hora aos sábados à noite. Compunha-se de quatro blocos, sempre visando passar dicas de como se ter uma vida de qualidade no dia a dia. Arrumamos patrocínio de um salão para me pentear, de uma loja para me produzir e calçar, cenário, vinheta de abertura do programa. Tínhamos quatro farmácias e a cantora mirim na época Débora com patrocínio em dinheiro que anunciavam seus comercias no horário do programa ajudando-nos a pagar os gastos com a emissora.

Nosso objetivo era começar o programa com esses parceiros que dava para pagar o horário cedido pela Tv, e no decorrer do programa, a gente conseguir mais patrocínio para formar nosso salário. Só que foi em ‘vão. ’ O programa era muito bom; recebeu boas críticas dos jornalistas e radialistas, mas não conseguíamos patrocínio para formar o nosso salário em seis meses.
   
Aparecia linda na televisão, com cabelo arrumado, roupas elegantes, vendendo ilusão pessoal! Muitos achavam que eu era próspera, que aquelas lindas roupas eram minhas. Mas não eram! Após as gravações, lá estava eu dirigindo-me a loja para devolvê-las. Foi por isso que eu estava deprimida, arrasada, me sentindo frustrada com aquele projeto que eu tanto amava e que não estava decolando. Estava em casa e resolvi tirar as fezes das fraldas do meu primogênito, o Jônatas; não tínhamos dinheiro para comprar fraudas descartável, o que o meu esposo ganhava era a conta de pagar aluguel, água, luz e fazer uma pequena cesta básica para passar o mês. A casa em que morávamos era bem antiga, lá tinha um tanque sem ralinho, com um tampão de sabugo de milho; mas era o que podíamos pagar.
     
Enquanto chorava sentindo-me derrotada, pobre e sem sorte; abri a torneira, na intenção de que quando o tanque enchesse de água, eu tirasse as fezes das fraudas e as colocasse de molho em um balde com sabão em pó e água sanitária para remover as manchas das fezes e o amarelo do xixi. Porém, quando desliguei a torneira, com o tanque cheio de fraudas e água é que me dei conta de que na minha angustia, tinha me esquecido de tapar o escoamento da água com o tampão de sabugo de milho. Por um momento fiquei preocupada de descer uma frauda e entupir o esgoto. Pensei: Estou sozinha, sem dinheiro, não sei mexer com esgoto, estou com um bebê; meu Deus! Não deixe descer nenhuma frauda pelo cano e entupir o esgoto. Na oportunidade, voltei a chorar mais ainda e acabei dizendo para o Senhor:
   
- Oh Deus! O Senhor não se preocupa com os meus sonhos? Porque não está me ajudando a conseguir patrocínios? O Senhor só se preocupa com Seus projetos? De que me está valendo ir à igreja? De que me vale devolver o dízimo? O pessoal do mundo não faz nada disso que tenho feito para Ti, e estão melhores do que eu. Está sendo em vão, Senhor, eu te servir? Se o Senhor se preocupa com meus sonhos, faz-me saber, porque eu acho que o Senhor não se preocupa! Enxuguei as muitas lágrimas que desciam pelo meu rosto; respirei fundo e levei a mão para enfiar no tanque e tampar o buraco dele com o sabugo de milho para que as fraudas - não descessem pelo cano. Na hora em que ia colocar a mão no tanque, ouvi uma voz me dizer:
  
- “Não coloque a sua mão aí não. Puxe a ponta desta frauda aqui do lado. ”
     
Sem entender nada e ainda um pouco transtornada pela crise de falta de fé; fiz o que ouvi, puxei a pontinha da frauda e para meu horror, a mesma trouxe consigo um terrível escorpião adulto, amarelo, uma espécie brasileira com uma boa quantidade de veneno suficiente para matar crianças, adultos e velhos em poucos minutos. 
    
Naquele momento agradeci a Deus, pela enorme demonstração de Seu amor para comigo naquele momento - mesmo eu tendo falado tantas palavras que o ofenderam e magoara Seu coração. Naquele momento entendi que Deus me amava e que se importava com meus sonhos sim. “Há um livro de memórias escrito diante de Deus, para aqueles que temem ao senhor e para os que sem lembram do seu nome. Eles serão para mim, diz o Senhor. Particular tesouro, no dia do juízo final que preparei; poupá-los-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o perverso, entre os que servem a Deus e os que não servem. ” (Malaquias 3: 16, 17 e 18) Do livro “O Céu em atividades de Anália Calixta”