Estavam na casa da mãe dela, um
bairro de alta periculosidade que ele não gostava de ir; mas como ela não estava
bem, fez esse esforço. Parecia que se tornara outra pessoa. Poderia se dizer
que ficara louca, endemoniada. Estava irreconhecível da mulher que conhecera,
apaixonara e se casara um dia.
Ela não queria mais viver a vida tranquila
do lar. Não queria cuidar dos filhos do casal. Não queria brincar com as crianças.
Não queria passear com a família. Não queria que os novos amigos soubessem que
era casada. Passou a ser tipo visita em
casa.
Chegava, comia, dormia e saia para trabalhar e do emprego para as festas
com as novas amigas e amigos chegando de madrugada.
Nesse dia na casa da sogra ele
tinha esperança de que ela se equilibrasse. Que ouvisse os conselhos da mãe. Mas
de uma hora para outra disse que já era grande o suficiente para cuidar da própria
vida e que ninguém tinha nada a opinar com suas escolhas. Disse que ninguém pagava suas contas para intrometer. Quis ir embora.
O marido ficou desesperado porque
começara um tiroteio entre gangues no bairro. Tentou fechar a porta, mas ela
disse que tinha um compromisso e que iria embora e ninguém iria impedi-la.
Os filhos choraram implorando a mãe
para não os deixar. O cunhado apelou. O esposo até chorou. Mas, ela não quis ouvir
ninguém. Simplesmente saiu de casa.
Ele sentiu que ela iria morrer no
meio daquele tiroteio, mas fazer o que? Só aceitar e conformar com esse triste
fim de uma história que tinha tudo para ser de muitas alegrias. "AFCP"