As vezes demora para
reagir; mas, sempre chegará a hora em que despejará sobre a consciência os
malditos erros cometidos. Estava na casa dos 23 anos, tentando entender como
que era possível alguém se desviar do caminho da vida para os caminhos da morte
e pensei que talvez se desviassem por serem pessoas fracas; e nessa confusão de
pensamentos - cheguei ao desvario de achar que eu havia me interessado por Deus
ou seja, ele não tinha precisado vir apresentar-se a mim. Na delonga da
imaginação, entendi que não tinha cometidos tantos pecados. Senti-me até
especial como humana, mas de repente ouvi o Senhor a me dizer:
“Não foi você que me
escolheu e sim Eu a você. ”
De dois chuchus fiz dois bois; com perninhas de palito de
fósforo. As estradas eram marcadas com pedrinhas, olhei para os lados para ver
se achava mais alguma coisa que pudesse me servir de referência para montar
minha fazendinha imaginária. Comecei então a “enxergar” a beleza das formas do
chuchu e do pimentão que minha mãe tinha um pé de cada espécie plantado no
quintal. Comecei a maravilhar-me com as árvores, as cores e formas das flores e
pensei:
- essa “casa” aqui é minha e de minha família, (achava) as
outras são dos vizinhos! Mas de quem são as árvores da rua? Quem as fez? Nossa!
Ele deve ser muito inteligente e rico para fazer tantas coisas lindas e
deixá-las na rua. Será que Ele é legal?
Era muito o entusiasmo do meu coraçãozinho de cinco anos;
nunca tinha tido tantas dúvidas e sentido tantas emoções até aquele momento de
minha existência. Corri o mais rápido que pude na direção onde minha mãe estava
e perguntei-lhe:
– Mãe, conhece o dono das árvores, do chuchu e das flores?
Minha mãe estava fazendo a janta e era já fim de tarde. Nossa “casa” era um
cômodo médio cercado de madeirite com uma janela e uma porta de madeira com
tremela (tipo faroeste [risos]), minha cama ficava perto da janela, fiquei de
joelhos no colchão, coloquei os braços para fora da janela e voltei a
maravilhar-me com as cores das flores e as formas das árvores a minha frente -
agora recebendo os últimos raios do sol que se punha naquela tarde e minha mãe
continuou fazendo a janta e não me respondeu naquele momento. A noite chegou
devagarzinho e “segui” o vento que me bateu suavemente no rosto, como se me
dissesse:
– “Ta escuro na terra, olhe para o alto.” E enxerguei uma
bola cheia, enorme! Sei que estava brilhante - iluminada. Vi uns pontinhos
pequenos ao lado dela que pareciam vaga-lumes. Foi a primeira vez que
“enxerguei” um céu acima de mim. Onde será que está à “cordinha” que segura
àquela bola iluminada? E os vaga-lumes não cansam de ficar esse tempo todo lá
em cima?
Mãe! Onde esta a cordinha daquele balão? Por que os
vaga-lumes foram lá para cima? Você conhece o dono das árvores que te
perguntei?
“Vem jantar!” Recebi meu prato com a refeição de mamãe, mas
minha fome era de respostas. E aí, responde-me!
– “Aquilo lá é o céu, menina!” Riu minha mãe. “Não é bola e
nem vaga-lume, são a lua e as estrelas. O dono de todas estas coisas é Deus.”
Quem é Deus?
Onde ele mora?
Ele é rico demais, né?
– “Sua comida vai esfriar, come e depois te explico.”
Comi o mais rápido que pude.
– “Já comeu? Quer mais?”
– Não! Quero que me fale quem é Deus!
– “Deus é o Criador de tudo o que existe. Sem Ele não há
vida. Ele veio recuperar o domínio da terra e nos salvar de um ser muito mal
que enganou Eva e Adão, as primeiras pessoas que criou. Aí Ele enviou o filho
dEle para nos procurar e salvar. Mas alguns não queriam ser achados, gostavam
do mal e mataram o filho de Deus numa cruz.”
Meu sangue “ferveu” quando ouvi de minha mãe o que os homens
maus tinham feito com o filho de Deus. Senti-me irada e indignada com aqueles
homens. Mãe, se o Pai dEle é tão poderoso, porque deixou eles matarem o filho
dEle? Por que não o ajudou? Por que não destruiu aquelas pessoas más?
– “Ele morreu no lugar de todos os que estavam perdidos.
Morreu para ajuntar-nos num só rebanho. Ele deixou que fizessem isso com Ele.
Por isso Seu Pai não o ajudou.”
– Que pena que Ele está morto, não vou conhecê-Lo!
– “Não! Ele não está mais morto não Anália; só ficou
na sepultura três dias, depois disso ressuscitou. Ele está vivo de novo!”.
Que alegria! Só não dei aleluias e glórias a Deus porque não
conhecia essas palavras nessa época. [risos] aos cinco anos.
– Quero vê-Lo, onde está?
– “Não tem como vê-lo, Ele está de novo com Seus poderes e
nós temos pecados. Mas podemos dar-Lhe o 1º lugar no trono de nosso coração, e
quando Ele retornar, irá levar-nos para conhecer Sua casa e acabar com os
maus.”
– Mãe, Deus tem que estar em 1º lugar até antes de você no
meu coração?
– “Sim, minha filha. O primeiro lugar sempre é de Deus. Sem
Ele não existiríamos.” Naquele momento senti minha mãe que, até então era meu
“deus”, descer do 1º lugar, do trono imaginário do meu coração, e Deus o
Criador ir para o primeiro.
Fico maravilhada quando me lembro dessa história e dou
glórias a Deus porque minha mãe não se lembra de ter me contado sobre Deus e
Sua redenção. Ela já foi espírita e católica idólatra. Em Deus espero a sua
salvação. Entendi anos mais tarde que o próprio Deus Se apresentou para mim,
atraindo-me para Si mesmo, através das Suas obras na natureza e nos céus - a
partir desse dia, porque até então; eu não sabia que Ele existia.
Hoje entendo que ninguém me ama tão intensamente como Deus.
E que Ele está sempre por perto me vendo. Sei que não faz acepção de pessoas e
a todos faz o convite: “Vem e segue-Me.”
Depois
que o Senhor me fez entender que foi Ele que se apresentou a mim como Deus,
senti uma grande frustração e vergonha. Mas não parou por aí, me fez lembrar de
pecados que eu tinha cometido dos 7, aos 12 anos de idade. Pecados que não
lembrava, pecados que não tinha nem pedido perdão de todos. Me senti um nada.
Mas, agradecida por tanto amor do Soberano, tanto cuidado.
“...pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. ” 1º João 3:20 Anália Calixta
“...pois, se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração e conhece todas as coisas. ” 1º João 3:20 Anália Calixta