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quarta-feira, 31 de maio de 2017

“Por que não me avisou?”




O Espírito Santo me impressionou a mente quase que uma semana para ir á Igreja IASD Central de Belo Horizonte a Rua Timbiras. Nessa ocasião nunca tinha ido lá. No sábado, na igreja de Bias Fortes, pedi a dois irmãos de fé que me levassem lá, mas não lhes disse que era uma ordem do Senhor - que eu distribuísse lá um panfleto meu, cujo título era “O Chamado”. No entanto, nenhum dos dois irmãos de fé puderam me dar uma carona. Perguntei a minha amiga Reginalda como fazia para chegar à igreja da Timbiras e ela me explicou.

Andei por cerca de uns 50 minutos até lá. Conheci o primeiro ancião, o Alexandre, na época e pedi que ele distribuísse o meu livreto. Ele disse-me que iria deixá-los na mesa, na porta da igreja e quem quisesse poderia pegar após o culto. Tudo bem, irmão. Eu não podia ficar lá para distribuí-los mesmo, porque meus filhos tinham ficado na igreja de Bias Fortes, onde pedi a uma irmã para dar uma olhada neles, de vez em quando.

Por volta das 19h00min daquele sábado meu telefone tocou. Era uma irmã da Igreja Adventista da Timbiras. Ela me disse que foi difícil para ela ir à igreja naquele sábado de manhã, pois estava muito desanimada, mas foi. Ao sair viu um livreto escrito “O Chamado”, pegou um e ao lê-lo se identificou com a parte onde eu dizia que tinha dito “Não” para Deus.
     
Ela continuou dizendo-me que raciocinou da seguinte forma. Nossa, ela também disse “Não” para Deus e voltou atrás. Então eu também posso voltar.
     
Qual é o seu nome? Perguntei-lhe.
     
“Não quero dizer!”
       
Tudo bem, respondi-lhe. Respeito seu desejo.
       
Sabe! Hoje foi muito difícil para eu ir aí à igreja da Timbiras também; e lhe contei o ocorrido da semana e do sábado pela manhã. Era por você que Deus me mandou ir até aí então.
     
Ouvi uma voz de choro e orei por ela, pelo telefone. Ficamos, acho, mais de uma hora conversando.
    
Sabe, continuou ela, “Meus pais não eram evangélicos, eu vi um dia os desbravadores uniformizados e comecei a frequentar a igreja escondida dos meus pais. Um dia minha mãe foi até lá para me bater, mas um irmão conversou com ela e ela deixou-me frequentar lá a partir de então. O tempo passou e eu cresci, queria namorar, mas não encontrei ninguém lá que me interessasse. Foi quando disse “Não” para Deus, pois resolvi abandonar a fé e ir curtir o mundão, e pensei, depois volto para a igreja. No mundão conheci um rapaz simpático, interessante, o qual comecei a namorar e me entreguei. Tava indo tudo muito bem até que engravidei e fui contar para ele.”
       
“Estou te incomodando?” deu uma pausa na história e perguntou-me.
        
Não, respondi-lhe. Pode falar à vontade. Na verdade estava passando uma tribulação terrível, mas guardei só pra mim e Deus. Continue querida a contar-me sua história. Sugeri-lhe.
       
“Quando lhe contei que estava grávida, ele ficou furioso e disse-me que não me pediu para arrumar filho nenhum e pensou que eu estava me cuidando. Eu era virgem, você sabe que foi meu primeiro homem, disse-lhe.”
      
– “Isso é problema seu, respondeu-me sem nenhuma piedade, aquele ser que agora de forma irreconhecível, estava diante de mim.”

“E mais, está tudo terminado entre nós. E foi-se embora.”
       
“Fiquei chocada. Mas como tenho emprego e já morava sozinha, resolvi que criaria o bebê sozinha. Fui ao ginecologista para começar o pré-natal e ele me pediu alguns exames. Fiz e quando os levei ao médico, ele me informou que eu estava não só grávida, mas estava com AIDS também.”
      
“Fiquei desesperada. Estava grávida, sozinha, com AIDS e longe dos caminhos de Deus. Tive minha filha, que para honra e glória de Deus e não é soro positivo.”
     
“Antes de o bebê nascer, procurei o pai dela e lhe perguntei se sabia que tinha AIDS. Ele me disse que sim. Por que não me avisou? Perguntei-lhe:”
      
“Ninguém me avisou quando a puseram em mim também, respondeu friamente.”
     
“Agora minha filha já está com oito anos e está no clube de desbravadores. Ela me vê tomando remédios, mas não sabe o que tenho. Sabe, o remédio da AIDS tem um gosto horrível, fez uma pausa. Eu tenho vontade de me casar, mas quem vai querer-me? Sou aidética. Ás vezes fico tão deprimida que tenho vontade de me matar. Várias vezes fui ao quarto da minha filha para matá-la e depois a mim, mas algo me impediu.”
      
Orei novamente por ela pelo telefone, incluindo a filha. Disse-lhe que ela estava sendo atormentada pelos demônios da depressão e que deveria se apegar a Deus. Levei o nome dela e da filha para vários irmãos orarem e orei um bom tempo por aquelas duas vidas.
      
Nesse momento, 07/05/2008, quando escrevo essa história, já faz quase três anos que falei com essa jovem pela primeira e única vez. Não sei o que lhe aconteceu. Mas jamais esquecerei sua história, que fica registrada aqui, segundo a ordem de Deus, para testemunho do quão perigoso são as fascinações que o inimigo oferece no seu sistema pecaminoso e quão grande é a misericórdia de Deus em aceitar-nos de volta e perdoar nossas faltas contra Ele e contra nós mesmos. Anália Calixta