Ninguém casa pra ser infeliz. O que os namorados esquecem é a bagagem que
cada um carrega dentro de si. Não adianta dizer que passado não interessa. O presente
é passado a cada segundo. Às vezes temos traumas que nem sabíamos que tinha. Isso
tudo interfere no dia a dia do casal enquanto não for superado, independente de
ser de fé.
O divórcio legalizado tem crescido consideravelmente no mundo
inteiro; isso sem contar os casais que moram juntos. No Brasil em 23 anos, deu
um salto para 200%. Em 2009 surgiu a PEC 0028; 2010, que posteriormente se
transformou na EC 66; 2010, que simplifica a concretização do divórcio,
acabando com o cumprimento de prazos para a sua realização.
Com a Emenda
Constitucional de número nove, de 28 de junho de 1977 e regulamentada pela Lei
6515 de 26 de dezembro de 1997 também; no Brasil o divórcio foi instituído,
oficialmente. A Lei 11.441, de quatro de janeiro de 2007, passou a ser requerido
por via administrativa, dispensando a necessidade de uma Ação Judicial,
bastando apenas que um advogado compareça ao tabelionato de notas com um
requerimento; mas essa facilidade somente é possível caso os casados não tenha
filhos menores ou incapazes.
O divorcio não deve ser incentivado pela Igreja. Divórcio
significa separar-se e diz respeito ao acordo judicial que os cônjuges, em
comum acordo, decidem, perante a lei, dissolver o vínculo do casamento. No
Antigo Testamento, essa prática era concretizada através da dissolução do
vínculo matrimonial, dando o direito da parte inocente contrair novas
núpcias (Deuteronômio 24:2), a esse tipo de divórcio, ou repúdio,
Jesus se refere em Mateus 5: 31,32; 19:9.
As razões que
justificam o divórcio, de acordo com a Lei de Moises, se encontram em
(Deuteronômio 24:1 aos 4 - quando o homem identificasse na mulher uma
“coisa indecente” ou “feia”. De acordo com a Lei de Moisés, o homem não podia
conceder divórcio à mulher por dois motivos:
a
- Quando a esposa fosse acusada falsamente de
infidelidade sexual (Deuteronômio 22:13 aos 19)
b
- Quando um homem tirasse a virgindade de uma
mulher e fosse obrigado a se casar com ela (Êxodo 22: 16,17; Deuteronômio 22:
28,29).
No Antigo
Testamento, encontramos dois contextos nos quais o divórcio foi recomendado, o
primeiro no caso de casamentos mistos, depois que os judeus retornaram do
cativeiro babilônico (Esdras 9 e 10; Neemias 13). Em Malaquias 2:6, texto no
qual Deus revela Sua insatisfação com o divórcio, também, nos versículos 14 e
15, orienta para que os judeus retornem à mulher da sua mocidade. As tentativas
de interpretação dos textos do Antigo Testamento deu origem no passado a duas
escolas:
Shammai – extremamente radical, defendia que o divórcio
somente poderia acontecer em casos de adultério. Para esse rabino judeu, a
“coisa indecente” de Deuteronômio 24:1 se referia ao pecado sexual.
Hillei, - mais liberal, argumentava que o divórcio
poderia acontecer por qualquer motivo, assim sendo, a expressão “coisa
indecente”, seria qualquer coisa que o marido não gostasse na mulher. Se o
marido não gostasse da comida preparada por sua esposa poderia considerar isso
uma “coisa indecente”, justificando o divórcio.
O Senhor Jesus Cristo
se deparou com esse contexto no qual lemos em Mateus 5: 31 e 32. “Também foi
dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite. Eu, porém, vos
digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição,
faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete
adultério”.
Aqui o Senhor Jesus
Cristo aprova o divórcio apenas por questão de adultério. O Senhor deixou clara
a interpretação de “coisa indecente” que se referia à lei de Moises que
permitia a separação. O divórcio era muito comum naqueles dias, a mulher
samaritana já havia se divorciado cinco vezes (João. 4:18),
‘Porneia’, é a
palavra grega para “relações sexuais ilícitas” que aparece no Novo Testamento
para se referir à prostituição, fornicação, adultério e imoralidade. Esse termo
grego é mais amplo, e diz respeito a todo e qualquer tipo de relação sexual
ilícita, diferentemente de ‘moicheia’, que se refere ao adultério,
restrito aos casados (Marcos 7:21).
Jesus Cristo citou
Gênesis 2:24, da indissolubilidade do casamento. O Senhor adverte que “quem
repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas
(‘porneia’ no grego) e casar com outra, comete adultério (‘moicheia’ no grego).
Através de Moisés, Deus permitiu que se entregasse Carta de Divórcio (ou de
Repúdio) por causa da dureza do coração dos homens (Mateus 19: 7,8).
Na passagem do apostolo Paulo aos Coríntios, ele orienta os
casais crentes, mais especificamente às mulheres, que “não se apartem dos seus
maridos”, mesmo que eles sejam descrentes. A exceção é se o marido descrente
não quiser conviver com a esposa crente, e resolver abandoná-la, nesse caso ela
está livre, não mais sujeita à servidão (I Coríntios 7: 10 aos 15). “Não fica
sujeito à servidão”, refere-se que quem está livre, pode casar-se de novo desde
que não seja em jugo desigual. (I Coríntios 7: 39)
Os dois casos com
liberação para o divórcio são: a imoralidade sexual da parte do cônjuge e o
abandono do descrente a parte crente. Nesses casos, ao que tudo indica, há
possibilidade de novo casamento. Vítimas de violência; pessoas que se
divorciaram antes de virem para a igreja, no tempo da ignorância (Atos 17: 30),
tem de ser julgadas a partir de outros critérios. Foi assim que Jesus Cristo
tratou o caso da mulher samaritana (II Coríntios 5: 17)Anália Calixta