As vezes ele demora
para reagir; mas, sempre chegará a hora em que despejará sobre a consciência os
malditos erros cometidos.
Estava na casa dos
23 anos, tentando entender como que era possível alguém se desviar do caminho
da vida para os caminhos da morte e pensei que talvez se desviassem por serem
pessoas fracas; e nessa confusão de pensamentos - cheguei ao desvario de achar que
eu havia me interessado por Deus ou seja, ele não tinha precisado vir apresentar-se
a mim. Na delonga da imaginação, entendi que não tinha cometidos tantos
pecados. Senti-me até especial como humana, mas de repente ouvi o Senhor a me
dizer:
“Não foi você que me
escolheu e sim Eu a você.”
De dois chuchus fiz
dois bois; com perninhas de palito de fósforo. As estradas eram marcadas com
pedrinhas, olhei para os lados para ver se achava mais alguma coisa que pudesse
me servir de referência para montar minha fazendinha imaginária. Comecei então
a “enxergar” a beleza das formas do chuchu e do pimentão que minha mãe tinha um
pé de cada espécie - plantado no quintal. Comecei a maravilhar-me com as
árvores, as cores e formas das flores e pensei:
- Essa “casa” aqui é
minha e de minha família, (achava) as outras são dos vizinhos! Mas de quem são
as árvores da rua? Quem as fez? Nossa! Ele deve ser muito inteligente e rico para
fazer tantas coisas lindas e deixá-las na rua. Será que Ele é legal?
Era muito o
entusiasmo do meu coraçãozinho de seis anos; nunca tinha tido tantas dúvidas e
sentido tantas emoções até aquele momento de minha existência. Corri o mais
rápido que pude na direção onde minha mãe estava e perguntei-lhe:
– Mãe, (ela não
gosta que a chame de senhora), conhece o dono das árvores, do chuchu e das
flores? Minha mãe estava fazendo a janta e já era fim de tarde. Nossa “casa”
era um cômodo médio cercado de madeirite com uma janela e uma porta de madeira
com tremela (tipo faroeste [risos]), minha cama ficava perto da janela, fiquei
de joelhos no colchão, coloquei os braços para fora da janela e voltei a
maravilhar-me com as cores das flores e as formas das árvores a minha frente -
agora recebendo os últimos raios do sol que se punha naquela tarde e minha mãe
continuou fazendo a janta e não me respondeu naquele momento. A noite chegou
devagarzinho e “segui” o vento que me bateu suavemente no rosto, como se me
dissesse:
– “Está escuro na
terra, olhe para o alto. ” E eu olhei e vi uma bola cheia, enorme! Sei que
estava brilhante - iluminada. Vi uns pontinhos pequenos ao lado dela que
pareciam vaga-lumes. Foi a primeira vez que “enxerguei” um céu acima de mim.
Onde será que está à cordinha que segura àquela bola iluminada? E os vaga-lumes
não cansam de ficar esse tempo todo lá em cima?
Mãe! Onde está a
cordinha daquele balão? Por que os vaga-lumes foram lá para cima? Você conhece
o dono das árvores que te perguntei?
“Vem jantar! ”
Recebi meu prato com a refeição de mamãe, mas minha fome era de respostas. E
aí, responde-me!
– “Aquilo lá é o céu, menina! ” Riu minha mãe. “Não é
bola e nem vaga-lume, são a lua e as estrelas. O dono de todas estas coisas é Deus.
”
Quem é Deus?
Onde ele mora?
Ele é rico demais,
né?
– “Sua comida vai
esfriar, come e depois te explicou.”
Comi o mais rápido
que pude.
– “Já comeu? Quer mais?
”
– Não! Quero que me
fale quem é Deus!
– “Deus é o Criador
de tudo o que existe. Sem Ele não há vida. Ele veio recuperar o domínio da
terra e nos salvar de um ser muito mal que enganou Eva e Adão, as primeiras
pessoas que criou. Aí Ele enviou o filho dEle para nos procurar e salvar. Mas
alguns não queriam ser achados, gostavam do mal e mataram o filho de Deus numa cruz.
”
Meu sangue ferveu
quando ouvi de minha mãe o que os homens maus tinham feito com o filho de Deus.
Senti-me irada e indignada com aqueles homens. Mãe, se o Pai dEle é tão
poderoso, porque deixou eles matarem o filho dEle? Por que não o ajudou? Por
que não destruiu aquelas pessoas más?
– “Ele morreu no
lugar de todos os que estavam perdidos. Morreu para ajuntar-nos num só rebanho.
Ele deixou que fizessem isso com Ele. Por isso Seu Pai não o ajudou. ”
– Que pena que Ele
está morto, não vou conhecê-Lo!
– “Não! Ele não está mais morto não Anália; só
ficou na sepultura três dias, depois disso ressuscitou. Ele está vivo de novo!
”.
Que alegria! Só não
dei aleluias e glórias a Deus porque não conhecia essas palavras nessa época. [Risos]
aos seis anos.
– Quero vê-Lo, onde
está?
– “Não tem como
vê-lo, Ele está de novo com Seus poderes e nós temos pecados. Mas podemos dar-Lhe
o 1º lugar no trono de nosso coração, e quando Ele retornar, irá levar-nos para
conhecer Sua casa e acabar com os maus. ”
– Mãe, Deus tem que
estar em 1º lugar até antes de você no meu coração?
– “Sim, minha filha.
O primeiro lugar sempre é de Deus. Sem Ele não existiríamos. ” Naquele momento
senti minha mãe que, até então era meu “deus”, descer do 1º lugar, do trono
imaginário do meu coração, e Deus o Criador ir para o primeiro.
Fico maravilhada
quando me lembro dessa história e dou glória a Deus porque minha mãe não se
lembra de ter me contado sobre Deus e Sua redenção. Ela já foi espírita e é
católica idólatra. Em Deus espero a sua salvação. Entendi que o próprio Deus Se
apresentou para mim, atraindo-me para Si mesmo, através das Suas obras na
natureza e nos céus.
Depois que o Senhor
me fez entender que foi Ele que se apresentou a mim como Deus, senti uma grande
frustração e vergonha. Mas não parou por aí, me fez lembrar de pecados que eu
tinha cometido dos 7, aos 12 anos de idade. Pecados que não lembrava, pecados
que não tinha nem pedido perdão de todos. Me senti um nada. Mas, agradecida por
tanto amor do Soberano, tanto cuidado.
“...pois,
se o nosso coração nos acusar, certamente, Deus é maior do que o nosso coração
e conhece todas as coisas. ” 1º João 3:20 "AFCP"