Segundo os profissionais da área de psicologia,
quem ouve vozes é "doido." É claro que existem casos e casos. Segundo a Bíblia “E os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti,
dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita
nem para a esquerda.” Isaías 30:21
Algumas pessoas acham estranho quando
escrevo: “Ouvi o Senhor me dizer isso ou aquilo” É preciso ouvir e entender a
voz de Deus. Ele fala de muitas formas; exemplos: Através das Suas obras na
natureza - mesmo alteradas pelo pecado; fala na letra de uma música, fala numa
mensagem em vídeo, pregada ou encenada, em forma de conselhos, pregações, textos como este que está lendo; fala no ouvido a mente. O problema é que o ser
humano não está tendo tempo para ouvir Deus falar e quando ouve, confunde com a
voz da consciência, ou até questiona se não é o inimigo quem está falando-lhe
ou se é coisa da sua consciência ou se estar ficando "doido."
O excesso de trabalho, de comida e
bebida, entretenimentos (lazeres cansativos), etc., têm tirado a atenção do ser humano de Deus, da reflexão sobre a brevidade da
vida humana, da brevidade da volta de Cristo e do destino final de quem não tem
intimidade com O Criador.
Quando Deus nos fala - sentimos Sua
energia poderosa a aquecer nosso ser. E quando isso ocorre, automaticamente o
eu - representado pelas vontades carnais malignas, que há no coração humano -
começa a responder, questionar, rebelar-se, causando perturbação mental. Isso
ocorre porque nesse coração ainda não houve uma entrega total do “eu” para ser
dominado pelo poder de Cristo.
Quando o inimigo fala ou usa pessoas
ou coisas para falar-nos, pode-se sentir uma atmosfera sombria ao derredor.
Geralmente as coisas que ele fala são contrárias a razão e sempre a favor do
proveito próprio, ou justiça própria.
Quando a consciência nos fala, há uma
conexão com o coração-sentimento. Há certa luta também - escolher o certo ou o
errado, que tenho consciência.
Não foi fácil para eu saber discernir
essas vozes. Ás vezes, quando a voz Divina ou o anjo - fala ao pé do ouvido,
demônios fala ao ouvido esquerdo, para causar confusão. Isso ocorre com todo
mundo, sendo uns com mais e outros com menos frequência. Quando sinto que está
ocorrendo comigo, clamo pela misericórdia de Deus, e Ele me socorre na hora.
Amém por isso. Aprenda a discernir a voz de Deus, da do inimigo e a da
consciência.
Aprendendo a ouvir
Uma vez sentia muito calor, e não era para
menos a temperatura beirava a casa dos 40 graus. Com meu filho Jônatas ainda
bebê fui me assentar na calçada de nossa casa. Coisas do interior! Ele brincava
sobre meu olhar atento de mãe, quando percebi que meu novo vizinho estava
chegando de bicicleta. Ouvi uma voz dizendo-me: “Vá lá a casa dele, se apresente
e diga-o que Jesus o ama muito. ”
Pensei:
- Que bobeira estou ouvindo. Eu nunca
conversei com esse rapaz, mudou tem pouco tempo para essa rua e vou lá
dizer-lhe que Jesus o ama? Eu não vou nada. Continuei “raciocinado”, e mais,
todas as pessoas conscientes sabem que Jesus as ama.
Fiquei mais um tempo naquela calçada,
veio minha vizinha da casa da frente chamada Claudia - que tinha um filho um
pouco mais novo que o meu e conversamos enquanto nossos filhos brincavam. Caiu
à noite, refrescou o ar e ambas entramos, cada uma para a sua residência.
Não sei quanto tempo depois, mas
quando fui dormir, sonhei que meu corpo flutuava e estava observando duas ruas
- de um bairro violento em Valadares. Essas ruas que observava são do tipo das
que – quando alguém está andando a pé nelas não se consegue ver quem está vindo
- na outra rua. Entende?
Enquanto observava essas ruas em meu
sonho, vi pouco depois o Gilson meu novo vizinho vindo na companhia de outros
jovens e pareciam embriagados e sorriam muito. Também vi que outro grupo de
jovens os esperava na outra rua - uma emboscada. No sonho fiquei muito
angustiada, pois queria avisá-los que estavam caminhando tranquilamente em
direção a uma emboscada, mas não tinha como.
Acordei. Pensei: - que sonho estranho!
Estávamos em época de eleições
municipais e era comum que alguns candidatos contratassem bandas e cantores e,
também oferecerem showmícios para atrair o povo. Geralmente o movimento era
intenso, de sábado para domingo - vários jovens de várias gangues se
encrencavam nesses comícios, tornando-os perigosos.
Por volta das 08 horas estava
estendendo umas roupas no varal e ouvi um alvoroço vindo do quintal desses
novos vizinhos; a parte de trás do meu quintal - dava para ver o quintal da
casa deles. Pensei: Está acontecendo alguma coisa ruim lá. Chamei a vizinha do
meio, Dª Nair, e lhe perguntei se estava sabendo de alguma coisa estranha na
casa dos novos vizinhos. E contou-me que o Gilson foi para um showmício que
teve no bairro..., onde a irmã dele mais velha morava (bairro violento) e
quando retornava para a casa dessa irmã juntamente com os amigos, foi atacado
por uma gangue que o machucou bastante, deixando-o com traumatismo craniano e
coágulos (sangue represado) no cérebro. Ele estava no C. T. I. (Centro de
Tratamento Intensivo), e por isso tinha aquele movimento na casa dele. Eram
parentes e amigos em busca de notícias sobre o estado de saúde do Gilson e
confortando a mãe dele.
Consegue imaginar como fiquei
apavorada, depois que ouvi esse relato da dona Nair?
Deus havia me mostrado aquela situação
antes de acontecer em sonhos - como no caso da Andréia e eu ignorei.
E se ele morrer? Apavorei-me com esse
pensamento e fui para meu quarto - ajoelhei e intercedi pela vida do Gilson e
pedi perdão ao Senhor pela minha negligência.
Vozes e sonhos provindos da parte de
Deus eram algo estranho para mim nessa época. Nunca tinha ouvido relatos de
irmãos de fé de minha igreja vivos - nesse sentido até então. Não sabia que
Deus participava de forma tão real na vida dos seres humanos, afinal temos a
Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Deus já revelou tudo quanto precisamos saber da
história desde o início e até o fim desse mundo.
Gilson teve que fazer uma cirurgia
craniana, processo onde o médico raspa o cabelo do paciente, faz um corte na
testa, puxa o couro cabeludo e com o cérebro a mostra, suga ou drena o sangue
coagulado no local, antes que o mesmo provoque um derrame cerebral na vítima.
Coitado! Gilson passou por todo esse
doloroso tratamento e quando finalmente recebeu alta médica, tomei coragem e
fui visitá-lo em sua residência. Lembro-me dele muito magro, careca, olhos
fundos - com cara de doente mesmo. Falei-lhe do recado do Senhor e do sonho que
tive com ele antes do incidente que sofrera.
Quando se recuperou, começamos a
estudar a santa Bíblia. Levei-o a igreja, mas depois mudei de bairro, ele
mudou-se com a família e perdemos contato. Em Deus espero a salvação dessas
pessoas.
Aprendendo obedecer ao que ouço de
Deus
No primeiro ano que residia em Belo
Horizonte, tive a oportunidade de ir ao Mineirinho (estádio de futebol) para
assistir uma programação especial com o homem e servo de Deus, Alejandro Bullon
e a cantora Melissa Barcellos. Estava até sem dinheiro para pagar a condução
até lá; uma amiga querida, Cesiane Amaral, me ligou e perguntou se eu ia ao
evento, e eu disse que não. Ela insistiu no porquê? E falei-lhe que estava fora
do pagamento do meu marido. Ela entendeu e me convidou para ir com ela, só que
iria chegar lá com umas cinco horas de antecedência, porque é artesã e iria
expor no estacionamento do Mineirinho suas mercadorias e só depois iria deixar
suas funcionárias no seu Stand e iria se encontrar com a mãe e o irmão, que
estavam a caminho de BH, vindos de outra cidade (Padre Paraíso) para assistirem
esse evento também na parte de cima do mineirinho.
Tudo bem! Vou com você e aproveito
para reservar lugares na frente para sua mãe, irmão e nós duas. Levei meus CDs
de play back - assim marcaria as cadeiras com eles. Chegamos ao local
determinado, descemos do carro, visitei alguns Stands de outros profissionais
que estavam se preparando para receber a multidão mais a noite e depois entrei
no Mineirinho. Só tinha lá o pessoal da sonoplastia, montando e testando os
aparelhos de som.
Escolhi cinco cadeiras da segunda fila
à esquerda, para reservar; elas ficavam bem de frente para o palco. Cesiane
voltou para seu Stand e eu fiquei horas assentada, horas em pé, durante umas
três horas e meia aguardando o início da programação.
Foram chegando às multidões de pessoas
e foram ocupando seus respectivos lugares escolhidos. Onde estavam as cadeiras
do centro do Mineirinho, foram todas ocupadas, e a arquibancada a minha
esquerda também. Porém havia centenas de lugares na arquibancada a minha
direita.
Queria falar com o Pr. Bullon, mas
Deus não me permitiu. Isso é outra história que não contarei aqui. Começou a
programação, com a equipe de louvor da cidade, e a Cesiane e seus parentes
ainda não tinham vindo ocupar os lugares que havia reservado para eles. Estava
ficando desconfortável para mim, porque toda hora aparecia alguém querendo
assentar-se nas cadeiras; mas quando viam que estavam marcadas com o CD,
procuravam outro local. Até aí tudo bem. Ouvi uma voz suave falando de forma
bem nítida ao meu ouvido: “Já pensou se alguém te xingar porque está marcando
esses lugares? ”
Credo. Respondi para mim mesma.
Estou em uma reunião de cristãos - por
que alguém iria me xingar? Que pensamento bobo - esse que veio a minha mente.
Acabei de falar ou raciocinar essas
coisas e percebi que parou a minha esquerda uma mulher alta, bem vestida, loura
e acompanhada de um Senhor que pensei ser o pai dela, não se ao certo, e o
outro homem que parecia ser seu marido. Ela encostou-se ao banco, olhou para as
cadeiras marcadas e perguntou-me:
– “Você está marcando esses lugares? ”
Sim! Respondi-lhe calmamente.
Ela então mudou seu tom de voz, antes
calmo para comigo, e adquirindo um tom irritadiço e autoritário disse-me:
– “Você não tem direito de marcar
lugares aqui não. Eu vou e quero me assentar nessas cadeiras com meu pessoal. ”
Enquanto falava-me isso, foi entrando em meio às fileiras de cadeiras onde
estava e pegou meus CDs, até então marcando simbolicamente aqueles lugares, e
jogou-os em meu colo e se assentou.
Fiquei perplexa, em estado de choque.
Não podia acreditar direito que aquela situação estava acontecendo comigo.
Olhei para aqueles olhos furiosos e
mansamente lhe disse:
– Senhora, eu não posso e nem vou
impedi-la de se assentar nessas cadeiras com o seu pessoal; porém, informo-lhe
que estou a mais de três horas marcando esses lugares para pessoas que
inclusive estão vindos - de fora de Belo Horizonte para esse evento. E mais, se
a senhora olhar ao seu redor, poderá perceber que tem muitos outros lugares
vazios onde pode se assentar.
“E daí? ” Retrucou-me.
“Eu quero me assentar é aqui! ”
Calei-me. Os dois homens que a
acompanhavam viram toda aquela estranha cena, abaixaram a cabeça e saíram
balançando levemente a cabeça em sinal - entendi que - de vergonha pela atitude
de sua companheira e ouvi um deles dizendo: “Eu não vou me assentar aí não. ”
Quando ela viu que realmente eles não
iam se assentar perto dela nas cadeiras que usurpou pela força; levantou-se,
passou bruscamente encostando-se a minhas pernas e disse-me:
– “Só não vou ficar assentada aí
porque eles não quiseram. ”
A cantora Melissa Barcellos começou a
cantar no palco - alheia felizmente ao que se passava lá em baixo na plateia.
Menos de cinco minutos depois, minha amiga Ceziane chegou com seus parentes e
se assentaram nas “cadeiras da confusão”. Notou que eu estava com os olhos meio
“pequenos” - chorei muito quando a mulher saiu de perto de mim. E me perguntou
o que houve. Contei-lhe e ela ficou perplexa e nervosa, querendo saber quem era
essa mulher. Disse-lhe que deixasse para lá. E ela aproveitou o banquete
espiritual naquela noite. Foi bom demais para ela; Deus falou-lhe ao coração
através do Pr. Bullon; e ela decidiu-se casar com seu namorido. (Morar com
namorado) E se batizou depois.
Estava nessa época no vale da sombra e
da morte e fui nessa reunião na esperança de falar com o Bullon e ouvir uma
palavra de Deus ao meu coração. Saí sem ambas. Mas aprendi uma grande lição.
Parar de ignorar a voz de Deus.
Deus também usou o Bullon naquela
noite para falar algo que certamente serviu como advertência para aquela
senhora. Ele disse no seu sermão mesmo sem saber do ocorrido: “Tem gente que
tem capa de crente - à toa descarrega seu ódio em quem não merece. Isso não é
ser cristão. ” Foi mais ou menos isso que disse.
Uma semana depois, fui fazer feira de
verduras, num sacolão perto de minha casa. Sabe, Deus proveu uma casa simples
com um bom quintal, onde podia ir andando para o centro e voltar de ônibus,
quando não tinha todo o dinheiro da condução. Só que era num bairro de ricos em
Belo Horizonte, o Prado. Acho que eu era uma das poucas pessoas pobres que
moravam nesse bairro. Gostava do bairro, do clima fresco, do comercio barato,
mas detestava as baratas, ratos, lacraias que tinham nessa casa antiga e
apertada que morávamos. Detestava as lembranças dolorosas e humilhantes que
passei nesse “vale - deserto e prisão circunstancial”. Mas ali Deus me fez
entender a respeito do chamado especial que tinha para mim; e me deu um novo
coração e unção para ministrar segundo a Sua vontade. Inclusive escrevi esse
livro nesta casa.
Diversas vezes pedi ao Senhor para me
tirar dessa casa e Ele não quis. Depois deixei para lá.
Poucos quarteirões acima dessa
residência - fica esse sacolão; estava meio deprimida nesse dia e não tive
animo para me arrumar antes de sair. Aliás, fui de chinelo, cabelo preso, um
saião e um blusão largo de malha do meu marido. Não estava “legal” esse visual!
Mas refletia meu estado interno de tristeza.
Peguei um carrinho de compras e
comecei a circular pelo sacolão escolhendo frutas e verduras para comprar e
deparei-me com uma senhora em um dos corredores do sacolão. Seu carrinho estava
atrapalhando a passagem de meu carrinho, mas era coisa simples de se resolver,
era só essa senhora puxar seu carrinho de compras cerca de uns cinco
centímetros do meu - que dava para nós circularmos naquele corredor; mas como
ela não demonstrou reação de fazê-lo, disse-lhe:
– Senhora, por favor, pode puxar seu
carrinho um pouco para o lado - para que eu possa passar com o meu?
Ela olhou-me nos olhos e em seguida
para minha roupa e respondeu-me:
- “Não. ”
- “Eu não posso e nem vou tirar meu
carrinho daqui; se você quiser passar para o outro lado - dê a volta. ”
Assim o fiz; dei a volta. E pude ver a
fúria contra mim em seu olhar, quando encontramo-nos nos outros corredores do
sacolão. Aprendi a pedir a Deus que repreenda certas situações, pensamentos ou
sonhos maus quando os tenho.
Quanto a essas duas senhoras -
sinceramente - não conseguiria reconhecê-las caso me encontrasse com elas
novamente. Não sinto raiva, nem mágoa dessas mulheres; sei que foram usadas
pelo inimigo para me entristecer, mas felizmente Deus é meu Guia constante e me
ensinou lições preciosas através desses acontecimentos. Porém, elas deram sorte
de fazer isso com a Anália Calixta convertida; pois na época em que eu era
convencida da verdade, teria reagido de forma agressiva com a mais nova e dito
umas verdades para a mais velha. Graças a Deus que me livrou do mau gênio e
poço dizer - que não vivo mais no meu “eu” e nem quero nunca mais, pelo poder
de Jesus Cristo.
A Bíblia relata o episódio de Deus
tentando manter um contato sobrenatural com o jovem Samuel. Deus chamava
“Samuel, Samuel” e ele achava que era o sumo-sacerdote Eli. Por três vezes
consecutivas o Senhor o chamou pelo nome, e só na terceira vez que o sumo -
sacerdote entendeu que quem chamava Samuel era o próprio Deus, e o instruiu
quando ouvisse o Eterno chamando-o respondesse: “Fala Senhor que o teu servo ouve.
” (I Samuel 3) Anália Calixta